quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

castanhos avermelhados(segunda parte)

“ Sua mãe e eu começamos a namorar cedo, eu tinha uns 16 anos e ela 15, entramos na faculdade, nos formamos e recebi uma proposta de emprego aqui em Londres , então eu a pedi em casamento. Como eu amava aquela mulher... nossa vida era estável , feliz, perfeita ,mas para Isabel faltava algo , ou melhor, alguém “ Nosso herdeiro” era como ela falava; o problema era que ela era estéril e isso a deprimiu profundamente...”
- Estéril?? Como assim ... e eu?- Arthur se aproximou de mim e segurou minhas mãos, enquanto minha mente se tornava um caos.
- Calma! Você prometeu ouvir até o fim.
- Mas..
- Shhh!! Por favor- Art pediu silêncio enquanto limpava as lágrimas que teimavam em molhar meu rosto e voltou a contar sua história.
“ Então, em uma noite você apareceu em nossa porta dentro de um cesto, enrolada em uma manta de lã que tinha o seu nome bordado, você estava tão indefesa, tão pequena e tão linda! Isabel se apaixonou no instante em que a viu , ela ficou encantada e a felicidade dela também era a minha. Tentei avisá-la de que tínhamos que te levar para as autoridades, mas ela se negou e disse que você era um presente do céu e que fugiria se eu voltasse a tocar no assunto. Alguns dias depois e nós já estávamos providenciando uma certidão pra você .Passou um mês e então apareceu ! Batendo em nossa porta. Claus Volmann...ele disse que queria falar sobre a criança, eu e Isabel de princípio ficamos receosos, mas o deixamos entrar. Claus começou com uma história estranha, disse que ele era um ser diferente, que a pouco tempo se tornara o líder de um clã formado por vampiros, que governavam os imortais da Europa e Ásia, disse que havia se apaixonado por uma mortal chamada Vivian e que desse amor nasceu ... você – Eu o observava incrédula, tudo o que Art falava respondia a todas as minhas perguntas, mas estas eram as ultimas respostas que eu esperaria ouvir – A família dele não aceitava que houvesse a mistura dos sangues e resolveram matar você sem que ele soubesse. Vivian te salvou, mas isso lhe custou a vida.- As imagens dos meus últimos sonhos vieram a minha cabeça como um filme – Quando Claus descobriu ficou louco e decidiu que seria mais seguro que você ficasse com uma família humana e nos escolheu. Explicou que não sabia no que você iria se transformar e perguntou se ficaríamos contigo enquanto fosse seguro. Isabel não hesitou e disse que ficaria com toda certeza. Tenho que admitir que pensei que fosse uma brincadeira de mau gosto, mas não era! Passaram-se três anos, Claus sempre mantinha contato, dizia estar procurando por respostas, tudo estava bem, você era como uma criança normal e então Isabel sofreu o acidente, minha vida perdeu o sentido e só você me manteve vivo só você Mi. Eu não podia perder você também, eu não podia ficar aqui esperando o dia em que o Volmann te arrancaria de mim. Decidi fugir, comecei a mudar de cidade e de repente estávamos indo para outros países e por mais que nos mudássemos Claus sempre nos encontrava.Ele...te ama muito Miranda, tanto quanto eu, ele abriu mão de te ver crescer, te mimar, de ser pai, só para mantê-la segura! Enquanto eu fui egoísta! Me perdoe!!”
-Art...isso...é impossível- falei ainda estática enquanto Art me olhava esperando alguma reação louca- Isso não pode ser verdade- de repente eu comecei a rir.
- Miranda- Art segurou meus ombros me forçando a encará-lo – Tudo o que eu falei e real! Eu não brincaria com isso, você sabe que é verdade, você tem que acreditar por que esse é o seu futuro e seu passado.
- Você quer que eu acredite que eu sou uma vampira e que a minha vida toda é uma farça? Tudo até você e a minha...a Isabel? Arthur- segurei seu rosto entre minhas mãos – você precisa de um psiquiatra- soltei-me de suas mãos e logo me pus de pé, fui em direção a porta, mas Art segurou meu braço antes que eu chegasse lá.
- Miranda, por favor! Por que eu mentiria?por que eu inventaria tudo isso?- coloquei as mãos em meus ouvidos eu não queria escutar aquilo- Como vocês explica os seus olhos vermelho? Você acha que eu não reparei? E... como você explica o copo ter explodida em minhas mãos? Não fui eu que fiz aquilo. – Eu odiei aquilo tudo ter sentido.
- PÁRA!!! POR FAVOR!!- saí do quarto e fui para sala tapando meus ouvidos com mais força, Arthur me seguiu, fez com que eu me sentasse no sofá, ajoelhou-se em minha frente e segurou meu rosto.
- Eu sei que é difícil, que é estranho mas é a verdade...a única verdade...foi difícil para mim também, ainda é, mas nós temos que enfrentar, juntos!- meu rosto estava encharcado de lágrimas eu estava com medo do desconhecido em que eu me transformei da noite para o dia, mas não havia opções, eu tinha que aceitar e assimilar tudo o mais rápido possível. Eu precisava pensar.
- Eu vou sair!!- Levantei-me do sofá e fui em direção a porta.
- Aonde você vai??- perguntou Art ainda ajoelhado e eu respondi, afinal eu não sabia para onde ir, só queria fugir de tudo aquilo.
Fui em direção a escada e antes de descer o primeiro degrau o piano começou a tocar e então eu soube para onde ir. Chequei a porto do apt de marco e parei! O que eu diria pra ele? Que eu era a filha de um vampiro, herdeira de um clã? Eu estava perdida em meus pensamentos quando a porta em minha frente se abriu e o meu anjo apareceu sorrindo.
- Miranda!!- seu olhar se iluminou ao falar meu nome e eu o abracei o mais forte que pude enquanto as lágrimas e soluços me sufocavam. Marco me carregou e deitou-me no sofá de couro preto que ficava perto do piano.
- Não chore !! Por favor.- seus olhos me encaravam com um certo desespero enquanto tentava enxugar minhas lágrima, sem êxito.
- Marco!- sussurrei entre soluços.
- Estou aqui amor!- marco estava preocupado mas eu não conseguia, por mais que eu tentasse, parar de chorar.
- Toque pra mim!- Antes que eu terminasse de falar Marco sentou-se ao piano e começou a tocar. Graças a canção acabei adormecendo e agradecendo aos céus pelo meu tão amado anjo!
***
Acordei com a voz de Marco.
- Mi!... acorde! Seu pai deve estar preocupado com você, abri os olhos lentamente e me deparei com o olhar de Marco, que ótima maneira de se acordar!
- Por favor ! Me diz que tudo isso é um sonho Marco!- ele franziu a testa de porcelana.
- Por que você está falando isso?
- Nada!Esquece. – levantei-me rápido demais o que fez com que eu ficasse tonta, mas Marco me segurou antes da queda.
- Você está bem?- o que eu mais queria era contar tudo a Marco, mas eu tinha medo da sua reação.
- Eu só me levantei rápido demais, meu cérebro e meu corpo não estão muito em sintonia. – Marco encarou meus olhos e por um momento eu pensei que ele pudesse ver a minha alma.
-Eu não me referi a tontura!
- Eu preciso ir, meu... O Arthur deve ta preocupado neh?
- Você vai ficar bem! Eu prometo!- Marco sempre me entendia, mesmo quando não havia como ele entender.
- É...tchau! Obrigada... muito obrigada- ele sorriu e me levou até a porta do meu apt.
- Miranda!- Marco me puxou pela cintura.
- Quê?- eu sempre ficava sem fôlego com a proximidade de Marco.
- Eu estou aqui! Sempre.
- Eu sei!- Marco pôs a mão em minha nuca e guiou meus lábios para os seus. Era incrível como eu ficava imune ao mundo quando eu estava com ele.
Entrei em casa e encontrei Arthur falando ao telefone, ele estava sério e quando percebeu a minha presença sua expressão mudou, ele estava surpreso.
- Que foi Art? – ele tentou disfarçar.
- Só um minuto querida!- Art se despediu da pessoa do outro lado da linha, mas eu ainda não estava pronta para conversar com ele, era muita informação.
- Art! Eu vou pro meu quarto, depois conversamos.
- Tudo bem!- forcei um sorriso e fui para o quarto, chegando lá me joguei na cama e fiquei pensando em cada palavra que ouvira de Art horas atrás. Palavras que eu nunca esperaria ouvir.

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