sábado, 4 de dezembro de 2010

Castanho avermelhado ( primeira parte)

A Inglaterra desconcertou minha mente, que já não era tão sã. Coisas que eu nunca imaginei que pudessem acontecer estavam logo ali e eu não tinha a menor idéia de como agir diante de tudo isso. A descoberta do meu amado anjo, o novo Arthur, meus olhos cada vez mais vermelhos, enfim, a minha estranha vida inglesa estava me enlouquecendo. Depois de acordar daquele terrível pesadelo, de me olhar no espelho e descobrir que eu estava me transformando em algo desconhecido eu comecei a pensar rápido, tinha que reagir, uma hora eu iria ter que sair do quarto, encarar meu pai, e eu n poderia fazer isso com meus novos olhos. A única saída foi comprar algo que escondesse tudo isso, algo que escondesse a estranha Miranda, então eu coloquei o único óculos de sol que tinha, disse para Art que ia comprar um colírio e fui em busca de lentes de contato. Não foi tão fácil achá-las, mas eu consegui, comprei 2 pares de lentes castanhas e quando cheguei em casa Arthur já estava dormindo.
A notícia boa foi que eu consegui colocar as lentes e elas esconderam muito bem meus olhos vermelhos, mas mesmo assim eles continuavam escuros demais. Bem! Eu não podia reclamar, estava muito melhor e Art já não encarava meus olhos a muito tempo então não fazia muito diferença. O que me deixava realmente preocupada era o que Marco iria dizer, o que iria pensar, por quanto tempo eu conseguiria esconder? Tirei as lentes antes de dormir e tranquei a porta do quarto, enquanto adormecia as estranhas imagens voltaram a me atormentar mas agora eram ainda mais nítidas, mais intensas, os gritos da moça eram reais demais e sempre faziam eu despertar, resumindo: minha noite foi péssima!
Como eu não consegui dormir, resolvi comprar o café da manhã, sem esquecer das lentes é claro! Quando saí de casa me deparei com Marco subindo as escadas, quando me viu, abriu o sorriso largo que fazia meu corpo entrar em colapso, fiquei alguns instantes hipnotizada pelo brilho dos seus olhos até lembrar dos meus castanho avermelhados, desviei meu olhar de súbito.
- Mi? O que foi?- em menos de 1segundo ele estava ao meu lado; rápido demais para um mortal.
- Nada! Por que?- eu sabia que se o encarasse ele iria perceber que meus olhos já não eram os mesmos.
- Você desviou o olhar... Eu fiz algo?- ele estava preocupado.
- Não... Você não fez nada!- Marco levantou meu rosto devagar, com uma de suas mãos de pianista. Seu toque me desnorteava.
-Então olhe para mim!- Não há como evitá-lo, mesmo querendo, é mais forte que eu, então cedi e o encarei, e ele mas uma vez me surpreendeu sorrindo- Você é tão...
- Boba?- Interrompi
- ...Linda! – Neste instante Marco se aproximou e eu pude sentir sua respiração no meu pescoço, quanto mais perto ele chegava mais o mundo ao nosso redor sumia, evaporava e de repente só o meu tão amado anjo existia. Então seus lábio tocaram os meus, senti suas mãos em minha cintura puxando-me para mais perto, eu estava tonta, sem ar, e irrevogavelmente apaixonada. Estes foram os segundo mais intensos, perfeitos e completos de toda minha existência.
- Desculpe! Mas eu não consegui evitar.- Eu só consegui perceber que precisava de ar ao ouvir sua voz perfeita.
- Marco! Se eu não quisesse, não teria acontecido- um sorriso brincou em seus lábios e então nos abraçamos.
- Então...Para onde você estava indo?- perguntou sussurrando em meu ouvido, o que me fez estremecer.
- É... eu ia,.. quer dizer... eu vou comprar o café da manhã
- Vocês só comem fora?
- Ainda não saímos pra fazer compras! Meu pai não ta muito bem. - meu olhar se perdeu, então pegou minhas mãos e beijou-as delicadamente.
- Posso ir com você?- um sorriso bastou para respondê-lo e descemos a escadaria de mãos dadas.
Eu o conhecia a tão pouco tempo e ele já ocupava uma parte tão grande da minha vida, de mim. Os momentos que passávamos juntos foram poucos, mas eram intensos, completos e bastaram para que eu me apaixonasse perdidamente.
Cheguei em casa ao meio dia pensando que iria levar uma bronca, mas Arthur ainda dormia o que era muito estranho, ele sempre acordava cedo! Bati na porta do quarto mas não havia resposta, então entrei no quarto e vi Art deitado na cama ao lado de uma garrafa whisky vazia.
Fiquei parada vendo aquela imagem, sem acreditar que era o meu pai, o Arthur Costa que eu conhecia não era um bêbado, triste, amargo. De repente ele começou a se espreguiçar lentamente e quando reparou em mim levou um susto:
- Miranda? O que você esta fazendo aqui?- Art me olhava envergonhado.
- O que você fez com meu pai?- As lágrimas começaram a embaçar meus olhos.- Responde!! – Eu gritei.
- Miranda, eu to aqui!- ele disse assustado.
- NÃO...! – Não consegui controlar o tom da minha voz. – Você não é o Arthur Costa que eu conheço, que eu respeito!
- Mi..- Ele não tinha como falar nada.
- Você nunca foi assim, o que eu ta acontecendo?... ME DIZ ARTHUR!!! O que houve? – Art me olhava estático.- Eu já perdi minha mãe, não vou agüentar perder meu pai!- As lágrimas caiam do meu rosto ininterruptamente.
- Filha! Sente... Eu vou te contar tudo, desde de o princípio! Mas você tem que prometer que vai ouvi até a última palavra – me aproximei da cama e me sentei devagar, Art se ajeitou na cama e começou

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