sábado, 27 de novembro de 2010

Em algum lugar da Inglaterra

Eu não recordava do quão fria era a Europa, meu pai me avisar, mas eu tinha que dar uma de rebelde não trazer um casaco descente. Chegamos em pleno outono inglês, e pelo que eu ouvi estávamos em Londres, a cidade que tirou minha mãe de mim.
--Chegamos!! – Meu pai falou em alto e bom som, eu acho que as vezes ele pensa que eu sou surda.
Saímos do carro e eu me deparei com vários prédios iguais, colados uns nos outros, tingidos de cinza. Arthur estava radiante e mesmo com toda tristeza que sentia tentei dar um sorriso, sem muito resultado.
-- E ai?- perguntou Art
-- E aí o que?- perguntei de volta, desanimada e cansada.
-- O prédio – disse ele gesticulando para o edifício.
-- A ta! É...legal! – eu realmente n estava nem um pouco animada.
-- Legal? – ele n gostou muito da resposta
-- É pai, muuuito, perfeito! Melhorou?- falei em um tom de ironia.
--Assim está melhor. Vamos subir?
-- Não, eu to adorando virar picolé aqui fora – meu pai é inteligente, mas de vez em quando faz cada pergunta, pensei revirando os olhos.
E quando eu pensei que não podia piorar meu pai se superou. Conseguiu achar um apartamento no quarto andar, sem elevador. Cheguei lá em cima completamente sem ar e ele ainda teve a cara de pau de olhar para mim e dizer que eu estava fora de forma, contei até dez para não dizer umas poucas e boas, mas tenho que admitir que adorei o apartamento, principalmente a minha tão sonhada suíte com uma vista linda. Art já havia mandado alguns móveis e me prometeu uma cama nova logo, e é claro que eu já tinha cobrado, então resolvemos comprá-la depois do almoço.
Quando estávamos descendo as escadas para procurarmos um restaurante eu me deparei com o homem mais perfeito que meus olhos já tinham visto. Ele era mais alto que eu uns 20cm, tinha os olhos de um castanho diferente de todos que eu já vira, seus cabelos cor de mel eram perfeitamente lisos e iam até a altura do pescoço, sua pele era como porcelana, seu rosto tinha ângulos perfeitos, como um anjo! Ele deve ter me encarado por, no máximo, uns 5 segundos e foi o bastante para que eu perdesse o fôlego. Meu coração batia mais forte que a colisão de locomotivas, por um momento eu pensei que ele pudesse escutá-lo, senti o sangue correr pelas veias do meu rosto com mais intensidade e só depois de alguns instantes eu notei que Arthur estava uns 7 degraus a minha frente e me olhava com preocupação.
-Miranda?- demorei um pouco para responder.
-Eu?
- Tudo bem?- não, não estava nada bem.
- É......, sim, tudo bem!- comecei a descer a escadaria devagar.
No caminho até o restaurante meu pai não parou de tagarelar, mas pra falar a verdade não ouvi nenhuma palavra. Eu estava tentando entender o que havia sentido, algo tão forte em tão pouco tempo, meu corpo ainda estava em choque, ele era perfeito demais para ser real, e se fosse o que ele estava fazendo no meu prédio? Que boba! Ele nunca olharia para mim.
Depois que terminamos de almoçar, eu e Art fomos ver minha cama como o combinado, ela era linda, tinha um dossel, a cabeceira se assemelhava aos ramos de uma videira e chegaria daqui a 3dias. Quando chegamos em casa eu fui para o meu quarto descansar e enquanto me acomodava um piano começou a tocar, o que me ajudou bastante a adormecer e eu acabei sonhando com o “meu anjo”, meu coração batia mais forte quando eu pensava nele, mesmo sem conhecê-lo, eu deveria ser só mais uma das muitas garotas que sonham com ele, e se eu não voltasse a vê-lo? - este pensamento fez meu corpo gelar – O que 5 segundos fizeram comigo?
- Mi! Acoorda! Já é de manhã!
- Que horas são pai?
- 8h00.
- Jah??- comecei a levantar devagar
- É! Levante e vá se arrumar para irmos tomar café!- nesta hora a campainha tocou e ele foi atender. Até sem colégio meu pai tinha que me acordar cedo, que saco!
Antes de tomar banho escolhi a roupa mais quente que eu encontrei, e depois de pronta eu fui para sala.
- Pai! Tô pronta, vamos? – ele estava sentado em sua poltrona lendo algo que parecia uma carta, ele tava estranho, seu semblante era de pavor, eu nunca o tinha visto assim, não movia um músculo.
- Pai? – ele não respondeu – Art? Você está bem? – ele despertou.
- Sim querida! – Arthur dobrou a tal carta, pôs no bolso e se levantou devagar como se estivesse tonto.
- Tudo bem?
- Claro filha! Por que não estaria? – a quem ele estava tentando enganar?
- Vamos Mi?- Meu pai foi em direção a porta com a mão no bolso em que a carta estava. Eu o acompanhei. Ele estava desnorteado.
- Pai, quem mandou a carta?
- Que carta?
- A que está no seu bolso – o que estava acontecendo? Ele demorou demais para responder.
- Foi a ... ! Empresa !! Isso mesmo. Foi a empresa.
Art fez o que pode para mudar de assunto, mas as vezes seu olhar se perdia. Tomamos café no mesmo restaurante em que almoçamos no dia anterior, quanto terminamos ele disse que tinha que resolver algumas coisas e que não sabia que horas voltava. Mesmo preocupada eu o obedeci e fui pra casa sozinha. Quando cheguei no apartamento a música do piano havia começado novamente, sempre gostei de música clássica, me acalmava. Então peguei meu livro e quando sentei na poltrona de meu pai, para a leitura, vi um envelope:
- Que estranho, não tem remetente? – falei comigo mesma. A única coisa que tinha era o nome de Arthur Costa – meu pai - escrito com uma letra muito bem feita. A imagem da expressão de tortura de Art ao ler o tal bilhete ou carta atravessou minha mente, este não parecia com os envelopes que meu pai costumava receber da empresa. Havia alguma coisa errada.
Não consegui me concentrar no livro, nem o piano conseguiu me acalmar. Eu precisava saber o que estava se passando, do que se tratava a carta sem remetente? Minhas perguntas só poderiam ser respondidas de uma maneira e eu precisava tentar.
Logo a noite Art chegou e eu fingi que dormia .Esperei meu pai cair no sono e então revirei todos os bolsos do seu casaco marrom e acabei achando o que procurava, neste momento meu coração começou a pular, tive o máximo de cuidado para n fazer nenhum barulho e quando cheguei ao meu quarto tranquei a porta – com muita dificuldade por que minhas mãos não paravam de tremer- e sentei-me para ler o fruto do meu “roubo”- a que ponto eu cheguei- então respirei fundo e abri a carta:

Precisamos conversar Arthur.
Não fuja mais disso, setembro se aproxima e você não poderá evitar o futuro.
Estarei no restaurante da esquina às 9h00.
Aguardo-te ansiosamente!

Claus Volmann .

Quem era Claus e o que ele queria com meu pai? O que eles não podiam adiar? O que setembro tem de tão especial? O que meu pai está escondendo de mim? Perguntas e mais perguntas sem respostas.
Que saudades da Luh! Ela sempre estava comigo nos bons e maus momentos e agora eu estava somente com as minhas dúvidas.
Depois de devolver o bilhete fui para a sala e o piano voltou a tocar, quem tocava tão bem?
Eu adoraria saber quem é, talvez amanhã eu pudesse descobrir, mas... pensando melhor, por que não agora? Eu não tinha nada a perder e não estava nem um pouco a fim de dormir . Peguei um casaco e o som me guiou até a porta do meu vizinho desconhecido. Levantei a mão para bater na porta, mas antes que eu pudesse me mexer o piano se calou e a porta a minha frente se abriu. Eu fiquei extasiada ao ver quem era. O “meu anjo” era meu vizinho?
Ele sorriu ao me ver de boca aberta observando-o de cima a baixo. Como ele conseguia ficar ainda mais perfeito ao sorrir? Mais uma vez eu esqueci de respirar.
- Posso ajudar?- sua voz era linda, doce, calma, eu já deveria esperar. Eu precisava encher meus pulmões para respondê-lo.
- Eu... – o que eu ia falar? – É... Eu só queria saber quem tava tocando
- Incomodei-te? – ele franziu a testa de porcelana.
- Não, não. Eu adoro! ... muito - será que eu tinha respondido rápido demais?
- Que bom! – Meu Deus que olhar mais perfeito, essa é a única palavra que poderia definí-lo PERFEIÇÃO. – Quer entrar?

domingo, 14 de novembro de 2010

A Mudança

Eu sou uma pessoa comum, com uma vida comum, amigos comuns, namorado comum. Pra falar a verdade eu nunca gostei de ser normal, os desafios, o inusitado, as diferenças sempre me fascinaram, mas a Miranda “ pés no chão “ nunca deixou que eu desbravasse o mundo mais irreal, as ilusões. È somente nos livros que eu me sinto completa, no lugar certo. Eu sei que sonhos não são reais, mas fingir que são é algo bom demais para abrir mão. Eu nasci em 15 de setembro de 1992 em Londres, meu pai trabalha como vice diretor de uma empresa de eletrônicos e sempre temos que nos mudar, o bom é que graças a essas mudanças eu aprendi a falar inglês, espanhol e português muito bem, o ruim é que tenho que reconstruir minha vida sempre, minha mãe morreu quando eu tinha 3 anos, não tenho irmãos nem parentes, as vezes eu acho que meu pai não pára em um lugar por muito tempo pra não se apegar as pessoas e correr o risco de perde-las como perdeu a minha mãe, ele nunca mais foi o mesmo depois disso, mesmo tentando esconder eu sei que ele sente muita falta dela, tanto quanto eu e sempre evita tocar no assunto, eu o entendo. Ontem ele, mais uma vez, veio com uma conversa sobre mudança, mas dessa vez não era um lugar novo :
- Mi! Você já pensou em voltar para Europa?– seus olhos estavam com um misto de curiosidade e preocupação.
- Por que a pergunta Art?
- Nós já estamos aqui á algum tempo e meu chefe vive perguntando se eu gostaria de ir para Inglaterra.
- Inglaterra??? Você sempre evitou falar do tempo em que morávamos lá e agora quer se mudar? – minha voz começou a se exaltar.- Por que você não falou comigo antes Arthur?
- Calma! Eu ainda não decidi nada filha!
Ele sempre vem com esse papo de “ eu ainda n decidi” e na semana seguinte o caminhão da mudança já está na porta.
Será que ele não pensa em tudo o que eu vou perder? Estamos no meio do ano letivo e os meus amigos? A Luh e o Rob precisavam de mim. E também tem o Ricardo, agente só namora a duas semanas. Arthur é tão egoísta!
Como sempre meu pai tomou a decisão sozinho e daqui a 3 dias nós vamos nos mudar.
As despedidas já começaram, Luh e Rob passam todos os instantes comigo, o Rick preferiu se afastar, talvez seja melhor assim, meu pai mais uma vez estragou minha vida.
Hoje Luh vem dormir aqui e daqui a pouco ela chega, eu sempre gostei de como ela faz eu me sentir especial, singular, em pouco tempo nós nos tornamos uma mistura de amiga e irmã e agora eu vou ter que deixá-la .
Meus pensamentos foram interrompidos por 3 batidas na porta, fui atender e me deparei com a Luh carregando uma mochila enorme, com um colchão enrolado em baixo do braço esquerdo e segurando uma pizza com a outra mão.
-- Luh ! Você vai se mudar com agente é ??
-- Engraçadinha!- Ela fez uma cara de desprezo pra mim e entrou porta a dentro.
- Onde eu boto minha bolsa ?
-- Sua mala né amiga, dá você dentro dela.- ela me lançou o mesmo olhar de desprezo.
- Tudo bem ! Vamos subir , quer ajuda ?
-- Pensei que não fosse perguntar nunca!
Subimos a escada rindo. Quando chegamos no meu futuro ex quarto ela ficou parada olhando as caixas com as minhas coisas e o mural de fotos que eu ainda não tive coragem de tirar:
--Eu odeio seu pai!!-Eu sabia que se continuasse essa conversa a noite estaria acabada.
-- Você ainda pode me seqüestrar!!
-- Não tem graça Miranda!- os olhos dela não segurariam as lágrimas por muito tempo.
-- A pizza é do que mesmo?
-- Calabresa eu acho!
-- Acha?- Luh estava viajando e o meu coração estava ficando cada vez mais apertado ao vê-la assim.
Mesmo que nós não quiséssemos a noite não seria tão animada como já fora, foi impossível não chorar, nem a pizza estava tão boa como das outras vezes. Por que meu pai fazia isso comigo??
Eu acordei com a voz de Art:
-- Mi! Acorda filha!
-- Ah pai! Deixa eu dormir mais um pouquinho!
-- Tenho uma notícia não muito boa pra você. –eu me levantei em um salto.
-- Mais uma?- questionei sem acreditar.Meu pai suspirou e disse calmamente.
-- A viagem foi antecipada!- O ar parecia estar mais denso, minha respiração começou a se alterar e meus olhos começaram a produzir lágrimas.
-- Pra quando?- eu sentei devagar na cama, o quarto começou a rodar.
-- Agente viaja hoje a noite. - Essas palavras foram como um punhal atravessando meu coração e as lágrimas e soluços não deixavam eu respirar.
- Você está bem?
--BEM???-minha voz começou a se exaltar, o que fez Luh acordar - Você acha mesmo que eu poderia estar bem depois de você ter destruído a minha vida? – Luh me olhava com preocupação, sem entender nada.
-- Mi ! Desculpe se você acha que eu estou destruindo sua vida, mas é para o seu bem!
-- Para o meu bem? Você é tão egoísta – neste momento ele me deu as costas e foi em direção a porta, antes de fechá-la virou-se e disse:
-- Arrume sua coisas, saímos as 19:00
Eu não acreditava que isso estivesse acontecendo!
--O que aconteceu amiga?
-- Meu pai... – estas foram as únicas duas palavras que eu consegui pronunciar antes de desabar no choro abraçada com a Luh.
-- Amiga! Por favor me explica o que está havendo, você sabe que pode contar comigo pra tudo - a preocupação dela só fazia eu chorar mais, eu tinha que falar.
--Luh! Meu pai antecipou a viagem.
--Para quando?- ela disse com os olhos arregalados.
-- Hoje às 19:00 - Nós duas nos encaramos e começamos a chorar desesperadamente.Depois de alguns minutos ela tomou ar e começou a falar.
--Mi! Por favor pare de chorar, por que senão eu também não vou conseguir parar, se você quiser eu te ajudo a arrumar o resto das coisas - eu comecei a respirar pausadamente e as lagrimas foram cedendo aos poucos.
-- Tudo bem! Mais é melhor agente descer e comer alguma coisa!
Nós até tentamos mas n conseguimos comer nada e resolvemos subir, quando chegamos na porta do quarto ficamos paradas sem coragem de falar, mas alguém tinha que tomar atitude.
-- Luh ! Você sabe que eu nunca vou te esquecer amiga e que nossa amizade é maior que qualquer distância, você tem que me prometer que não vai me esquecer e que vai tomar conta do Rob, você é a pessoa em que eu mais confio no mundo e... – ela não deixou eu continuar:
-- Por Favor Miranda não fale nada, você sabe que eu odeio chorar e ainda temos tempo – ela era como eu, demonstrar sentimentos era muito complicado.
--Tudo bem, então... mãos a obra!
Começamos a nos mexer lentamente, eu comecei pelos meus tão amados livros de realidade fantástica, sempre adorei histórias de vampiros, lobisomens, bruxas e outras ilusões que eu adoraria viver, Luh começou pelo mural de fotos que nós montamos, na verdade era só um parte da minha parede que nós duas enfeitamos, em cima tinha a nossa frase preferida “Vcs fazem parte da melhor história da minha existência”. Era tão difícil admitir que eu iria perder meus amigos, os melhores que eu já tive, a minha essência.
Depois de algumas horas, arrumamos tudo nas caixas e botamos no corredor, meu quarto ficou totalmente vazio e ao vê-lo assim um grande medo me tomou, será que a minha vida também vai ficar assim? Vazia ...
Nós duas deitamos no chão, onde antes havia um grande tapete peludo azul e ficamos olhando para o teto, aproveitando somente a presença uma da outra, a minha irmã que eu adorava tanto, minha cúmplice. Todos os momentos que passávamos juntas costumavam ser alegres, engraçados, era tão fácil rir com ela, só de olhar para sua pessoa magrinha, com os olhos pequenos e cabelos pretos repicados na altura do queixo, que figura a minha amiga é! O Rob sempre foi apaixonado por ela, mas Luh nunca deu bola. Tadinho do meu amigo!
As horas passaram rápido demais e ainda estávamos deitadas ali sem pronunciar uma única palavra, então Art entrou no quarto e olhou para o seu grande e antigo relógio, o que fez meu coração gelar.
-- 18h00 mocinhas, é melhor irem se arrumar, depois não digam que eu estou apressando vocês – ele falava como se nada estivesse acontecendo.
Levantamo-nos devagar e eu fui tomar banho enquanto Luh arrumava a sua mala. Quando voltei para o quarto ela estava sentada no chão e quando percebeu minha presença começou a limpar discretamente as lágrimas que teimavam em molhar sua face. Eu não consegui me mexer ao ver aquela cena. Arthur chegou batendo palmas como se nós duas estivéssemos hipnotizadas e ele nos tirasse do transe.
-- Vamos garotas? – como ele conseguia ficar animado?
A hora tinha chegado e a minha vida estava como um castelinho de areia na beira do mar, prestes a desmoronar e eu teria que construí-lo novamente em outro lugar, e dessa vez não havia nem Luh e nem Rob pra me ajudar.
Quando chegamos na casa da Luh as lágrimas escorriam por minha face como uma enxurrada e eu não me preocupei em estar sendo boba, era a minha amiga que eu ia perder. Fui levá-la a porta e em prantos ela começou a tentar falar:
--Amiga! Eu ainda não to acreditando no que está acontecendo, eu n consigo imaginar nunca mais te ver.
-- Quem disse que nós nunca mais vamos nos ver?
-- Mi você vai para o outro lado do Atlântico!
--Você ainda pode me seqüestrar! – o silencio encheu o ar e meu pai mais uma vez fez questão de estragar tudo , ele tava ficando bom nisso e começou a buzinar como um doido.
-- Vai lá amiga, e prometa que não vai me esquecer Miranda ! Nos abraçamos e eu fiquei com medo de nunca mais poder fazer.
-- Nunca!! – eu não conseguia parar de chorar, meu pai começou a buzinar dinovo e eu comecei a andar em direção ao carro enxugando as lágrimas quando ouvi a Luh dizer :
-- Adeus amiga! – essa frase ficou ecoando na minha mente todo o trajeto até o aeroporto.
-- Não me odeie filha! Por favor! – meu pai é a única família que eu tenho é impossível odiá-lo mesmo que eu queira muito.
Esperamos o avião em um silêncio mortal até que meu celular vibrou no meu bolso de trás e quando olhei o número e o reconheci.
-- Ricardo? – meu pai me olhou com uma cara terrível, ele nunca gostou do Rick e sinceramente eu não sei por que começamos a namorar, eu nunca gostei dele de verdade, acabei confundindo amizade com algo mais.
-- Oi Mi! A Luh me avisou que você está indo pra Inglaterra – nossa como as notícias correm.
-- É sim eu já to no aeroporto com... – antes que eu terminasse a frase Ricardo começou a falar rápido e alto demais .
-- Mi, eu fui um idiota por me afastar de você, eu achei que sofreria menos, mas eu tava errado, me desculpa se eu não segurei a barra com você, se eu fui egoísta e... – foi a minha vez de interrompe-lo
-- Ricardo, você não tem pra que se desculpar eu te entendo e acho que foi melhor assim, eu sei que nunca atendi as suas expectativas, mas saiba que eu te adoro viu! – ninguém respondeu do outro lado da linha.
-- Rick??- nesse momento meu pai levantou-se e se pôs na minha frente apontando para o seu relógio.
-- Rick? Você está ai?- uma voz de choro me respondeu
-- Tô sim!- será que ele estava mesmo chorando ou era impressão minha?
-- Eu tenho que ir o avião já vai sair. Tchau Rick!
-- Adeus Mi! – Mais um “adeus” para minha coleção.
Eu não sei como, mas eu dormi na maior parte da longa viagem, no restante eu tentei ler mas fica difícil se concentrar quando você está indo para um lugar que não te trás boas lembranças. Meus livros costumavam ser um mundo a parte, onde eu sempre me sentia bem, mas estava difícil.Meu futuro era incerto demais para eu ficar calma.